terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Não há mais nada a ser feito aqui" - ele pensou. Tudo era igual. As mesmas paredes brancas. As mesmas cortinas creme. O conforto de chamar algum lugar de lar despertava o desconforto da mesmice.
Passou os dedos pelas paredes desbotadas. Eram como fotos amareladas, traziam lembranças. Amargas e doces. Da vida em si. Dos jogos que jogou, e que se tornara mestre. Dos sentimentos que ali domou, e das marcas que tais lutas lhe deixaram.
Fora ali que se fizera, seja la o que fosse hoje. Grande demais para o quarto, pequeno demais para o mundo. Mas quando não se cabe, não se cabe.

Afinal não são assim que as jornadas começam? Com a sensação de que algo não esta onde deveria.

domingo, 10 de outubro de 2010

"É só o inverno. É só o inverno." - ele repetia pra si mesmo "Quando o verão chegar, eu vou ser feliz de novo."

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Na minha boca o gosto do seu cigarro. Era esse o gosto que me lembraria quando pensasse em você. Deitou-se ao meu lado e me abraçou. Houve um lampejo de repudia, como dois polos eletricos de mesma potência. Fiz me aconchegar da melhor maneira que coube meu desconforto. Embora meu corpo envolto por você estivesse inerte, minha mente corria uma marratona de pensamentos. Coisas bestas, que um abraço traz à tona. Cativo em minha mente e refém das minhas perguntas. Ao fundo a batida de uma porta me trouxe a cena novamente, e me fez desejar que aquela batida fosse minha... indo embora.
Meu maior erro é enxergar beleza na tristeza. Além, claro, de achar que a percepção do mundo é única. Fico querendo que vejam em mim aquilo que admiro. Beirando a amargura para que me notem os tons de cinza.
A insistência de chegar ao limite me fez ir pra tão longe, que já nem sei mais quem eu sou.
Sem esses passos, porém, o que seria do meu cinza em mundo pintado de cores vivas?
Essa maldita necessidade de aceitação que me move, me muda e me faz ser diferente.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dos filmes que eu vi.


"- É inevitável.
- O que é inevitável ?

- Quando a gente cresce o coração morre.
- E quem liga ?
- Eu ligo"



"O coração morre uma morte lenta. Como folhas no outono. Uma de cada vez, até que um dia não resta nada."

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Jaded

Quando eu era pequeno, lá pelos meus 7 anos, me lembro que queria muito um patins. Era daqueles de couro preto, cardaço preto e 4 rodas. Eu ganhei um colorido, de plástico e ajustável. Levou alguns anos até eu ganhar o de couro. Mas quando ganhei, já não queria aquele. Queria o in line com presilhas pratas.
Quando eu era adolescente, lá pelos meus 13 anos, eu queria muito ir embora. Achava que se eu fosse pra outro país minha vida seria outra. Meus problemas sumiriam e seria mais feliz. E pensei assim até meus 20 e pouco anos. E depois de todo esse tempo pensando assim, estando prestes a ir pra fora, ficar é o que eu mais quero.
Fico pensando nessas coisas e não sei se sempre fui apressado demais ou se a vida acontece devagar demais.

Veja bem, eu não estou reclamando. Eu sempre tenho as coisas que quero, só que nos momentos errados.
Sentimentos, por exemplo. Depois de tanto tempo querendo sentir menos as coisas, não há nada mais que eu queria senão sentir algo. Qualquer coisa.

sábado, 7 de agosto de 2010

Eu tenho tido os sonhos mais legais, e isso faz acordar ficar mais difícil.

domingo, 1 de agosto de 2010

Tem vezes que a vida parece passar tão rápido que me dá uma pressa de viver. Uma sensação de estar perdendo coisas que me faz correr de um lugar para outro. Como em uma viagem de metro. Só se vê os borrões. As luzes, de tão rápidas, riscam a visão. E as pessoas são todas iguais nessa velocidade.
Eu só me questiono quando tudo parar se vou "descer'' no lugar certo(?).

sábado, 19 de junho de 2010

Deitou-se no terraço de barriga para o céu, esperando que talvez o barulho da cidade lhe sussurrasse respostas.
A lua nova formava um perfeito sorriso de neon. Ele, porém, não estava para sorrisos naquela noite.
Na impossibilidade de mudar o astro com os dedos, virou-se ao contrario, de forma que o ora sorriso transformou-se em uma expressão de tristeza. Como personas de teatro, faces de uma mesma moeda.
O vento inquieto da noite anunciava mudanças, e em se tratando do vento, não há como saber se ele varrerá as nuvens do céu ou trará uma nova tempestade.
Entre as buzinas e sirenes, estavam seus pensamentos. Entre a lua e o chão duro, estava seu corpo. E entre a alegria e a tristeza, estava esse sentimento. Sentimento que não é quente, nem frio. É morno, e que carece de um pouco mais de calor.

domingo, 6 de junho de 2010

Multidão gentil. Pessoas se apertando. Músicas que não conheço, então nem ouso cantar.
Danço mesmo assim, na claridade do dia. No começo meio sem graça, contudo, já eu mesmo no final.
Vinho barato e sorrisos tímidos. Se a luz do dia pudesse me mostrar de verdade eu seria o dono do mundo.
Mais vinho barato. Bocas estranhas. Seu nome. Outro gole. Boca conhecida.
Sensação de euforia que me faz continuar, mesmo meus lábios estando cansados de tantas bocas estranhas.

sábado, 5 de junho de 2010

As gotas finas caindo através da luz dos postes são confetes atirados de cima.
Ruas desertas que desconheço. Que você, porém, sabia aonde iam levar.
Passos curtos para segurar o tempo. Conversas longas pra distrair.
Uma parada. Hesitação. A despedida logo ali na esquina.
Seu rosto molhado, estranhos passando e a urgência.
Ah! a urgência. Aquela que decorre do desejo. Da vontade de te calar com um beijo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Respondo a mensagem com uma leve displicência. "Não, claro que não", eu digo.
Faço de conta que meu descuido foi casual e em momento algum foi instrumento de tortura.
Arte milenar chinesa que aprendi a usar com apenas 2 semanas ao seu lado.

sábado, 29 de maio de 2010

Das percepções erradas da vida.

-Vou com um amigo - ele disse.
-Que amigo? - ela perguntou, quase que surpresa.
-Ah, não é amigo. É um colega. Bem, um conhecido. Não sei definir as pessoas - ele a explicou. - Pra mim todo mundo que não é inimigo, é amigo.

sábado, 22 de maio de 2010

Sem reflexos invertidos
nessa casa de espelho engraçada.
Projeções enganosas,
minha imagem deformada.
Não mais o outro como modelo
Sem constante mesura
Indefere o tamanho
Pouco importa a altura.

Se, porém, os números lhe interessam
Das medidas tome nota:
Não tão largo que me sobre,

ou pequeno que me aperte
É bom estar de volta em minha própria pele.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Hoje por motivos alheios a minha vontade, eu abri um baú.
De forma rápida e quase indolor, do tipo puxar um band-aid, revirei coisas que por algum motivo guardo.
Pensamentos antigos, sentimentos perdidos. Magoas persistentes, coisas da gente. Da mente.
Algumas ficaram lá atrás. Outras refletem no hoje, como pedras atiradas em um lago. Na época uma turbulência, agora quase ondas inexistentes.
E quando eu fechei a caixa, tinha um leve sorriso no rosto, daqueles do tipo "está tudo bem agora".

sábado, 1 de maio de 2010

Ás vezes quando eu saio de mim e olho pro lado, eu tenho a impressão que as pessoas ganham as coisas de graça.
Eu penso que tudo o que eu consegui até aqui me custou tanto trabalho e esforço. E embora seja pouco, é frágil e racha com o toque, se desfazendo entre meus dedos e me deixando com a sensação de nada.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Eu sou poesia,
não respeito os limites usuais.
Transfiguro as narrações do dia.
Tenho meus versos e minhas rimas
e me divido em estrofes.

Sou poema,
e minhas linhas não extremas sequer tocam o horizonte.
Meus versos dizem muito, ou dizem nada,
com uma única palavra.

Sou poesia, e faço uso da minha licença
Me recuso a ser parte de um sistema
daqueles que se enquadram em margens convencionais.

Ora épico, ora lírico
Sou poema para poucos,

dos difíceis de ser lido.

domingo, 11 de abril de 2010

Quero vomitar as palavras, mas elas entalaram na garganta de forma que sufocam.
O dom de ver o que não existe. Porque não enxergar o óbvio? Onde vou me esconder da minha mente fantasiosa e do meu coração ingênuo ?
O óbvio. Aprender a ver as coisas pelo o que elas são. A entender a realidade pelo tato e a sentir somente aquilo que não me mate no final.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Engraçado quando você conhece alguém e a única coisa que possui em comum é a solidão palpável entre os dois.
Você tenta, tenta e tenta achar algo mais. Qualquer pingo de reconhecimento, uma semelhança qualquer que te leve a acreditar que aquela é a pessoa. Seja um nome, um gosto, um cheiro ou um jeito de se aconchegar.
Você se engana, se enrola, faz de conta, finge e brinca até que a vontade morre tão rapidamente como nasceu.