terça-feira, 29 de abril de 2008

My side effects.

Hoje eu sei que nunca te mudei
Você vai só até onde eu criei
Projeções das minhas melhores intenções

Hoje eu sei, sei e te perdôo
As mentiras, os excessos, a redoma em torno
“A essência precede a existência”
“Somos frutos do meio em que vivemos”
[as mentiras, os excessos, a redoma]
Volta e meia minha mente retoma
E quando parte de mim esteve preste a se extinguir
Para não me tornar você eu tive que fugir
Hoje eu sei, e não mais me importo.
[Talvez um pouco.]

domingo, 20 de abril de 2008

Hoje o sol apareceu. Um pouco tímido entre nuvens, mas foi o suficiente pra quebrar o gelo dos dias anteriores.
Lá fora o dia está calmo, silencioso a ponto de "empreguiçar".
Há somente um piu que se destaca.
Um pássaro canta engraçado em uma árvore que se encontra de frente a minha janela.
Uma melodia sem ritmo. Algo que ele deve tirar de cabeça.
Tímido como o sol, ou ciente de sua música, ao perceber que eu o observo ele se esconde.
E eu me surpreendo.

Pois de todas as criaturas essa possui asas, e o dom de voar, e ainda assim ele se esconde entre folhas.
Folhas essas que foram mais verdes a duas estações atrás.

Estações.
Isso me remete ao ciclo. O ciclo a ser cumprido é o equilíbrio das coisas.
O interno. O externo.
Um meio termo.
E muito embora seja um dia de paz, o vento frio no ar traz a lembrança de que o inverno não tarda a chegar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quando os conselhos dos familiares falham, e os dos amigos não são suficientes, não nos resta alternativa a não ser procurar ajuda profissional.
Foi o que fiz. Consultei uma psicóloga.
Digo consultei com a mesma intenção que alguns consultam um vidente, pai-de-santo, ou tarólogo, na esperança de que ela pudesse lançar luz ao meu futuro.
No inicio, tudo me pareceu muito igual. Fui chamado a uma sala pouco iluminada, com uma mesa de vidro cheia de objetos estranhos, uma estante com alguns livros, uma luminária meio mística em um dos cantos da sala...
A mulher indicou um assento, me encarou, sorriu e perguntou "Por que você está aqui?" Por alguns segundos essa pergunta ecoou na minha mente. Eu não me havia feito essa pergunta. De todas as coisas que se pensei no meu preparo mental pré-consulta, essa passou longe. E o irônico é que era óbvio!
Constrangido pelos segundos de silêncio, e correndo o sério risco dela achar que eu tinha algum distúrbio grave, ou até mesmo morrido ali naquele sofá, em um golpe mental rápido e certeiro, escolhi dentre uma lista um dos problemas que eu achei que seria confortável falar. Errado! (Aqui fica uma dica: Psicólogos sabem o que estão fazendo. O sorriso doce e voz calma são um forma de compensar as feridas que eles, estranhamente, sabem onde estão.)
Uma vez descendo a ladeira, eu não conseguia mais parar. Eu nem sabia que era tão aberto assim. Pelos 35 minutos seguintes, Cristina - esse é seu nome - se tornou minha melhor amiga de infância. Fez-me falar de coisas que queria e não queria. Leu-me de capa a capa.
Saindo de lá, nu e exposto, a vergonha tomou conta. Eu sentia como que se aquela mulher detivesse agora grande parte dos meus segredos. Foi então que pensei que talvez o que ela me disse seja verdade. Todos temos mesmo um baú dentro de nós, baú esse que guardamos todas nossas tranqueiras emocionais. Nossos desapontamentos. Medos. Anseios. Toda a bagunça que queremos esconder do mundo. E a parte positiva era que o meu estava mais leve.