sábado, 8 de novembro de 2008

Me levou um tempo pra chegar aqui. Um espaço que é só meu.
Lugar onde os vencedores encontram-se logo à frente e os perdedores ficaram para trás.
É um atalho que só eu conheço, nessa estrada que leva a lugar algum.
Me levou um tempo pra tomar um rumo.
Por vezes eu rodei em perfeitos círculos, terminando exatamente onde comecei.
Vendo os outros partirem, e sentindo medo dos que chegavam.
Me levou um tempo pra chegar aqui. Aqui em mim mesmo.
Uma vez que se enxerga o mundo com seus próprios olhos, as pessoas em voltam são meros coadjuvantes.
Você enxerga a si mesmo. Suas imperfeições. E cientes delas, vira à esquerda, e trilha o seu próprio caminho.
Me levou um tempo pra chegar aqui. A melhor versão de mim mesmo.
E a busca por ela, é o que agora me norteia.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Era uma vez... eu.
E assim começa minha história.
História sem muita honra ou muita glória.


Nela há uma inversão de papéis constante
os mocinhos e bandidos só os são por um instante.
Nessa história eu fui refém, porém não na torre mais alta.


Não existem madrastas más, 7 anões, ou migalha no chão.
Ninguém rouba dos mais ricos, enfrenta lobo-mau ou mata dragão.
Não há bailes à fantasia, mas todos os dias

as pessoas usam máscaras e escondem quem são

Existe sim o menino que mente.
E sacrifica a verdade atoa.
Não há heróis, somente os de ocasião.
Aqueles que salvam sua vida
E se vão.

No meu conto não tem ervilha, sapato de cristal ou cem anos de sono.
Nele não há voodoo, feitiço, nem mesmo magia.
Eu não mordi uma maça, pêra, melão ou melancia.
Da vingança de ninguém eu fui alvo
Mesmo assim precisava ser salvo.

Na minha história eu dormi com a realeza, com a burguesia e com a plebe.
Me despi das minhas armaduras para ficar mais leve
E quando o relógio marcou doze horas
O cavaleiro montou seu cavalo e foi embora
Atrás de moinhos de vento que ele jura que viu


E o final feliz... não é tão feliz
Talvez porque felicidade não tenha sido feita pra mim
Ou talvez porque minha história não tenha chegado ao fim.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Só um pensamento que me ocorreu:
É fácil tropeçar e cair quando se percorre o caminho sozinho.
Assim como é fácil ser extraordinário quando o mundo te apoia.
Seja como for, o que sou é o que sou. E o trabalho que me deu chegar até essa metade, só eu sei.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Das coisas que a gente desenterra. [part. II]

Quando criança a gente sempre faz loucuras. Você vai ao brinquedo mais louco que seus irmãos mais velhos não tem coragem. Você se pendura em árvores. Você pula de lajes em cima de montes de areia. Tudo é muito divertido. Divertido até que você cresce e percebe que todos os seus atos têm conseqüências.
Você não quer mais pular. Tudo o que você quer é um lugar seguro. Pra que subir em lugares altos? Pra que pular? Afinal você pode acabar partindo um osso, ou o coração.
Quando criança tudo o que você quer é passar uma noite em claro. Quando grande você só quer deitar e dormir.
Minha pergunta é: Quando deixou de ser divertido e passou a ser assustador?
Depois de grande a gente se da conta de que as coisas eram bem mais simples. Que as lágrimas que derrubávamos por não poder ir brincar eram sem sentido. E que as que derrubamos hoje ainda são.
Hoje antes de levantar eu decidi torcer meu coração até que a última lágrima escorresse.
Entre travesseiros e lágrimas eu pensei muito. Eu percebi que perdi mais do que ganhei. Percebi que a vida não é justa. Mas quem disse que ela seria? Percebi que algumas coisas não têm explicação. E que as que têm, não são fáceis assim de se entender. Percebi também que eu sou a única peça pra solucionar meu próprio quebra-cabeça. E que as pessoas vem e vão, e no final do dia eu sou o único que permanece.
E após perceber isso eu estava pronto pra enfrentar o dia.

sábado, 7 de junho de 2008

Eu tentei me proteger
E acabei te ferindo
Nesses lados opostos em que caímos
Espelhos interpostos
A visão turva, que a fumaça bagunça
Dor enraizada, que o álcool não apaga
Somente o seu esboço
Um abraço, um beijo no pescoço
Você sempre mais alto
Palavras que escapam
Dedos que se soltam
Coisas que se foram,
E que não mais voltam

terça-feira, 3 de junho de 2008

Términos.

Terminar um relacionamento não é fácil, menos ainda quando você ainda gosta da pessoa.
As mentes mais espertinhas devem estar se perguntando "Se gosta então por quê termina?" Acontece que amor não é garantia de felicidade.
Ao longo dos anos, as pessoas se despem de suas armaduras e algumas feridas estão tão expostas que o menor toque causa uma dor latente.
Sábado à noite eu tive a prova de que talvez as coisas não estejam nos lugares em que deveriam estar.
Cansado de ficar em casa desde que terminei, eu decidi que era hora de sair um pouco, me divertir com meus amigos e esquecer o passado.
Acontece que o Sr. Destino é um sarcástico que adora usar a ironia como forma de tortura.
O passado que eu tanto queria esquecer se materializou na minha frente, e com ele todos os sentimentos que eu tenho tentado deixar de lado tão desesperadamente.
No direito penal, a dúvida pode absolver o réu da pena. Em relacionamentos ela sentencia uma mente a condenação.
Talvez eu precisasse enfrentar meu passado. Todo mundo diz que fugir não adianta. Talvez eu precisasse ver como a outra parte está indo. O fato é que eu ainda sangro quando me corto. Talvez eu devesse ter dito que ainda me importo.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Hoje eu quero sair de mim
Me perder nos braços de outra pessoa
E assim, quem sabe esquecer a porção de você que há em mim

Hoje eu quero fugir do meu "eu"
E por ventura levar as bagagens
Para o caso de ser melhor por lá, e não voltar de viagem.

Hoje eu quero ser outro
O estranho parado na esquina
Ou a puta do bordel acima
Qualquer um.
Qualquer um menos a criança que chora
Pois se for para ser a criança que chora
Não faz sentido algum ter ido embora.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Das coisas que a gente desenterra.

Um dia desses eu estava olhando na luminária e percebi um monte de pontinhos cinzas. Eram montinhos de mariposas. Mariposas pequenas, secas e mortas.
Por milhares de anos as mariposas não deixaram de sentir atração pelo fogo, lâmpadas, velas ou qualquer coisa brilhante o suficiente que as ofusque.
Não são exatamente esses problemas que a evolução corrige? Ou propõe corrigir?
Durante milhões de anos temos evoluído. Ganhamos polegares opositores. Aprendemos a manipular o fogo. E até nós tornamos menos peludos. [Isso só alguns]
Então por que continuamos a cometer os mesmos erros? Ao longo dos anos venho caindo nos mesmos buracos, só por que eles estavam em lugares diferentes.
Seres humanos continuam, por exemplo, se apaixonando. O que embora não seja tão mortal, como no caso das mariposas, de certa forma é igualmente cruel.
Nunca aprendemos a lição. Sempre queremos mais. Procurando nosso lugar ao Sol. A pessoa certa. O emprego perfeito. A chance de nossas vidas!
Acontece que, assim como com as mariposas – e isso é muito importante - nem tudo o que reluz é a melhor opção.
Em se tratando de escolhas, quando estamos grandinhos o suficientes para fazê-las?
O fato é que prontos ou não, a vida não espera. Eventualmente o amanhã virá.
Faça o que fizer, evite voar na direção do Sol.

terça-feira, 29 de abril de 2008

My side effects.

Hoje eu sei que nunca te mudei
Você vai só até onde eu criei
Projeções das minhas melhores intenções

Hoje eu sei, sei e te perdôo
As mentiras, os excessos, a redoma em torno
“A essência precede a existência”
“Somos frutos do meio em que vivemos”
[as mentiras, os excessos, a redoma]
Volta e meia minha mente retoma
E quando parte de mim esteve preste a se extinguir
Para não me tornar você eu tive que fugir
Hoje eu sei, e não mais me importo.
[Talvez um pouco.]

domingo, 20 de abril de 2008

Hoje o sol apareceu. Um pouco tímido entre nuvens, mas foi o suficiente pra quebrar o gelo dos dias anteriores.
Lá fora o dia está calmo, silencioso a ponto de "empreguiçar".
Há somente um piu que se destaca.
Um pássaro canta engraçado em uma árvore que se encontra de frente a minha janela.
Uma melodia sem ritmo. Algo que ele deve tirar de cabeça.
Tímido como o sol, ou ciente de sua música, ao perceber que eu o observo ele se esconde.
E eu me surpreendo.

Pois de todas as criaturas essa possui asas, e o dom de voar, e ainda assim ele se esconde entre folhas.
Folhas essas que foram mais verdes a duas estações atrás.

Estações.
Isso me remete ao ciclo. O ciclo a ser cumprido é o equilíbrio das coisas.
O interno. O externo.
Um meio termo.
E muito embora seja um dia de paz, o vento frio no ar traz a lembrança de que o inverno não tarda a chegar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quando os conselhos dos familiares falham, e os dos amigos não são suficientes, não nos resta alternativa a não ser procurar ajuda profissional.
Foi o que fiz. Consultei uma psicóloga.
Digo consultei com a mesma intenção que alguns consultam um vidente, pai-de-santo, ou tarólogo, na esperança de que ela pudesse lançar luz ao meu futuro.
No inicio, tudo me pareceu muito igual. Fui chamado a uma sala pouco iluminada, com uma mesa de vidro cheia de objetos estranhos, uma estante com alguns livros, uma luminária meio mística em um dos cantos da sala...
A mulher indicou um assento, me encarou, sorriu e perguntou "Por que você está aqui?" Por alguns segundos essa pergunta ecoou na minha mente. Eu não me havia feito essa pergunta. De todas as coisas que se pensei no meu preparo mental pré-consulta, essa passou longe. E o irônico é que era óbvio!
Constrangido pelos segundos de silêncio, e correndo o sério risco dela achar que eu tinha algum distúrbio grave, ou até mesmo morrido ali naquele sofá, em um golpe mental rápido e certeiro, escolhi dentre uma lista um dos problemas que eu achei que seria confortável falar. Errado! (Aqui fica uma dica: Psicólogos sabem o que estão fazendo. O sorriso doce e voz calma são um forma de compensar as feridas que eles, estranhamente, sabem onde estão.)
Uma vez descendo a ladeira, eu não conseguia mais parar. Eu nem sabia que era tão aberto assim. Pelos 35 minutos seguintes, Cristina - esse é seu nome - se tornou minha melhor amiga de infância. Fez-me falar de coisas que queria e não queria. Leu-me de capa a capa.
Saindo de lá, nu e exposto, a vergonha tomou conta. Eu sentia como que se aquela mulher detivesse agora grande parte dos meus segredos. Foi então que pensei que talvez o que ela me disse seja verdade. Todos temos mesmo um baú dentro de nós, baú esse que guardamos todas nossas tranqueiras emocionais. Nossos desapontamentos. Medos. Anseios. Toda a bagunça que queremos esconder do mundo. E a parte positiva era que o meu estava mais leve.

domingo, 30 de março de 2008

Um daqueles dias

Hoje é um daqueles dias. Dias em que a voz da minha razão, talvez por tanto gritar, mal pode ser ouvida.
Dia em que me dá vontade de te ligar. De falar com você. De voltar pra você.
Talvez seja minha intuição me alertando que você deu um passo adiante, e meu egoísmo esperniando pra não deixar isso acontecer. Talvez por que seja estranho acordar na minha cama em um domingo de manhã. Talvez seja por que não espero nada dos dias, e a solidão é um remédio amargo que me vejo obrigado a tomar.
Seja o que for, eu tenho que me segurar. Não posso te querer só por querer. Não posso mais voar em círculos por uma asa quebrada.
Não posso. Não. Posso...